Os ditadores militares Emílio Garrastazu Medici e Castello Branco e o general Rubem Ludwig tiveram cassados os seus títulos de Doutor Honoris Causa concedidos pela Ufes.
Após recomendação feita pelo Ministério Público Federal (MPF), o Conselho Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) votou por cassar os títulos concedidos a membros da Ditadura Militar brasileira entre 1964 e 1985. A votação aconteceu no dia 27 de fevereiro e foi unânime.
O MPF havia recomendado a cassação dos títulos concedidos pela instituição aos ex-presidentes Emílio Garrastazu Médici e ao ex-ministro da Educação e Cultura general Rubem Carlos Ludwig, durante a ditadura.
A Ufes, além de acolher a recomendação, também decidiu cassar o título concedido ao ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.
Médici, terceiro presidente do regime militar no país, recebeu a mais alta honraria concedida pela Ufes em 1976. Já Ludwig foi homenageado em 1983.
No caso do título concedido a Castelo Branco, não há registros documentais, apenas fotográficos.
A sessão solene para a cassação dos três títulos de Doutor Honoris Causa está marcada para acontecer no dia 1º de abril.
Na mesma data, em 1964, os militares depam o presidente Joao Goulart e deram início ao período de regime militar no Brasil.
Segundo o Relatório Final da Comissão da Verdade da Ufes (CVUfes), as violações de direitos humanos durante o período da ditadura militar atingiram cerca de 90 pessoas, entre estudantes, funcionários e professores da instituição.
Os pedidos do MPF constam entre as recomendações do relatório final da CVUfes.
Para o MPF, a permanência de pessoas que participaram das violações de direitos humanos perpetradas no bojo da ditadura militar no Brasil no quadro de homenageados da Ufes perpetua a violência por eles praticada.
E, ainda, “mantém viva a dor dos que sofreram, inclusive na memória coletiva, e retrata o algoz como herói, como alguém importante para a instituição e para a sociedade”, destacou na recomendação a procuradora da República Elisandra de Oliveira Olímpio, então à frente da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão.
Elisandra pontuou que o MPF atua para trazer à luz as práticas atrozes cometidas pelo Estado brasileiro naquele período e para assegurar o direito à memória, especialmente para que fatos como esses não venham a se repetir.(Com assessoria do MPF)
