spot_img
spot_img

― PUBLICIDADE ―

Aluguel de carros por motoristas de aplicativos cresce 76%

O aluguel de carros para motoristas de aplicativo no Brasil cresceu 76,5% nos últimos três anos, segundo dados da Associação Brasileira das Locadoras de...

Nanopartículas podem ajudar a combater o câncer colorretal

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma abordagem terapêutica que utiliza nanopartículas para combater o câncer de intestino. A tecnologia, que emprega RNA mensageiro de forma similar às vacinas contra Covid-19, instrui o organismo a produzir proteínas capazes de eliminar células tumorais. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta mais de 45 mil novos casos da doença no Brasil em 2025, um número que ganha contornos ainda mais preocupantes diante do diagnóstico cada vez mais frequente em pacientes jovens.

A pesquisa, publicada na revista International Journal of Nanomedicine, representa um o na busca por alternativas aos tratamentos convencionais. Os cientistas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG criaram nanopartículas que funcionam como guias, levando informações específicas para que o corpo reconheça e ataque as células tumorais. De acordo com um dos autores da pesquisa, Walison Nunes, a proteína produzida pelo organismo a partir dessas instruções, embora produzida naturalmente pelo corpo, surge em quantidades insuficientes para combater tumores quando istrada pelos métodos tradicionais.

Mudança no perfil etário dos pacientes preocupa especialistas

A mudança no perfil dos pacientes com câncer de cólon e reto tem intrigado a comunidade médica. O que antes era considerado uma doença típica dos 70 anos migrou progressivamente para faixas etárias mais baixas: primeiro para os 60, depois para os 50, e agora atinge com frequência pessoas abaixo dessa idade. Não se trata apenas de uma estatística brasileira: o fenômeno é observado globalmente e tem motivado a antecipação dos exames de rastreamento.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença continuam associados ao estilo de vida, incluindo sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco, além de dieta pobre em fibras, frutas e vegetais. Fatores genéticos e hereditários, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico familiar de adenoma ou câncer colorretal, também aumentam as chances de desenvolver a enfermidade.

Infiltrando na ‘fortaleza’ do tumor

O grande desafio no tratamento de tumores sólidos sempre foi fazê-los vulneráveis às terapias disponíveis. No caso do câncer colorretal, as células malignas constroem o que os pesquisadores descrevem como um microambiente tumoral hostil: uma fortificação biológica que blinda o tumor contra medicamentos e células de defesa do organismo.

Nesse ambiente alterado, os vasos sanguíneos crescem de forma anômala, comprimidos e defeituosos. A matriz extracelular, que deveria ser apenas um e para as células, transforma-se numa barreira quase impenetrável. É como se o tumor manipulasse a “arquitetura” do tecido ao seu redor, criando condições ideais para sua própria sobrevivência e expansão.

A solução encontrada pelos pesquisadores mineiros foi engenhosa: antes de enviar as nanopartículas terapêuticas, eles modificam esse microambiente com drogas específicas. Essas substâncias desfazem a trama protetora e normalizam temporariamente os vasos sanguíneos, abrindo caminho para que o tratamento alcance seu alvo.

Aos canais oficiais da UFMG, o pesquisador Walison Nunes explica que a equipe colocou dentro da nanopartícula “um RNA mensageiro que funciona como ‘script’, com todas as informações que a célula do corpo necessita para produzir uma proteína”.

Resultados promissores em testes pré-clínicos

Os experimentos realizados até o momento utilizam modelos humanizados em camundongos, nos quais células cancerosas e saudáveis humanas são transplantadas nos animais. Os resultados iniciais mostram redução na massa tumoral, o que poderia se traduzir em maior sobrevida para futuros pacientes. A equipe também investiga como direcionar as nanopartículas para combater metástases, quando células cancerígenas escapam do tumor original e se instalam em outros órgãos.

Embora ainda se trate de uma pesquisa de base, os cientistas têm perspectivas de iniciar estudos pré-clínicos e clínicos mais amplos. A aprovação para uso em pacientes dependerá dos resultados dessas próximas etapas, mas a tecnologia já demonstra potencial para se tornar uma alternativa aos tratamentos atuais.

Impacto na qualidade de vida dos pacientes

O tratamento padrão para tumores intestinais combina quimioterapia e cirurgia – a última frequentemente resulta no uso permanente de bolsa de colostomia, que afeta a rotina e o bem-estar dos pacientes. A possibilidade de uma terapia menos invasiva, baseada na própria capacidade do organismo de combater o câncer, representa não apenas um avanço técnico, mas uma mudança potencial na experiência do tratamento.

A citocina utilizada no estudo já circula naturalmente no sangue, mas em concentrações baixas para enfrentar um tumor estabelecido. Quando injetada diretamente na corrente sanguínea, ela é rapidamente eliminada antes de chegar ao alvo. As nanopartículas resolvem esse problema de entrega, protegendo as instruções moleculares até que alcancem as células certas.

Com o câncer colorretal mantendo-se como o terceiro mais comum no país, conforme o Inca, e sua incidência crescente em jovens adultos, novas abordagens terapêuticas se mostram necessárias. Embora outras neoplasias, como o câncer de próstata, também demandam inovação no tratamento, o foco atual da equipe mineira permanece no aperfeiçoamento da tecnologia para tumores intestinais. 

Reconhecimento internacional e próximos os

O trabalho já colhe frutos além dos muros da universidade. Walison Nunes conquistou o prêmio na categoria Pesquisadores da Brazil Conference, realizada em Boston (EUA), um reconhecimento que coloca a pesquisa brasileira no radar internacional do combate ao câncer.

spot_img
spot_img
spot_img